La oralitura en Recado confidencial a los chilenos (1999), de Elicura Chihuailaf.
Luiz Henrique dos Santos Cordeiro | 2023
Orientadora: Profa. Dra. Eleonora Frenkel Barretto
Ao longo da história da América Latina, sabe-se que os povos originários foram um dos povos
que mais sofreram em decorrência do contato com o homem branco, ademais de também terem
parte de seu capital cultural dividido, fragmentado e esquecido durante os processos de
colonização e conquista de seus territórios. Em decorrência destes processos, na qual os povos
originários perderam voz e espaço, nos últimos anos surgiram práticas sociais e políticas para
que eles tenham seu devido reconhecimento perante as nações as quais fazem parte, seja através
de instituições federadas ou através de conflitos civis, como a Pacificação de Araucanía, que
finalizou em 1883 no Chile, envolvendo conflito armado para a expulsão dos indígenas de suas
terras, e o processo de contra-reforma em 1991, que procurou devolver parte das terras
indígenas conquistadas. Nesse sentido, uma característica cultural que vem de encontro com os
povos indígenas é a arte da oralidade, pois é através deste modo que os saberes ancestrais são
repassados, e, consequentemente, as suas raízes culturais são transmitidas aos mais jovens,
possibilitando a eles a continuidade e permanência de suas tradições. Assim, o presente trabalho
se propõe a investigar como o conceito de oralidade vinculado à literatura, conhecido como
oralitura, é apresentado pelo escritor chileno Elicura Chihuailaf em seu livro Recado
confidencial a los Chilenos (1999), na qual o autor aborda a importância da forma oral em suas
páginas escritas. Se apresenta como o objetivo deste trabalho o estudo do conceito de Oralitura
na América Latina, assim como buscar exemplos de como a oralitura é abordada em textos
literários que falam sobre o Chile e demonstrar como a literatura mapuche chilena apresenta
manifestações orais. Para isso, utiliza-se neste trabalho dois exemplos dos relatos que o autor
comunica aos seus leitores, indígenas ou não, ao mesmo tempo em que demonstra como a voz
literária do autor consegue estabelecer um elo entre a modernidade e a ancestralidade de seu
povo.